Carnuda e suculenta, há algo sedutor nesta fruta de caroço enorme. Clarissa Hyman leva-nos a uma experiência pelas virtudes deste fruto.
Provei a minha primeira nectarina dourada numa viagem a São Francisco, há mais anos do que gostaria de admitir. Eu era ainda uma exploradora de alimentos não aventureira: aliás, não tinha passado muito tempo desde que percebi que os pêssegos em calda vinham de árvores de fruta. Os pêssegos aveludados eram a minha fruta de verão preferida, mas seria a nectarina um pêssego ou uma ameixa com atitude? Ela é, na verdade, uma variedade de pêssego de origem controversa, de pele lisa, que apareceu pela primeira vez na Europa no início do século XVII.
O nome possivelmente vem de palavras alemãs e holandesas que significam “néctar do pêssego”, devido ao seu exuberante aroma. E tão semelhantes geneticamente são os pêssegos e as nectarinas que os pessegueiros às vezes produzem espontaneamente nectarinas e vice-versa.
Os pêssegos nasceram nos vales montanhosos e nas florestas de planalto da Ásia Central. Eles precisam tanto do sol de verão quanto do frio do inverno. A sua casa natural é num clima temperado, longe dos trópicos, onde não conseguem prosperar. Os pêssegos selvagens já eram cultivados na China por volta de 2.000 aC.
Nas suas viagens, Marco Polo viu pêssegos amarelos e brancos, “grandes iguarias”, à venda “por uma pechincha”. Eram frutos muito apreciados, como sugere um provérbio chinês: ‘Antes dar uma dentada num pêssego do que comer um cesto cheio de damascos‘.
O seu nome latino, Prunus persica, marca a disseminação para a Pérsia e a Ásia Menor e é provável que os pêssegos tenham chegado à Grécia durante o século IV aC, como resultado das campanhas asiáticas de Alexandre, o Grande.
Na Grã-Bretanha, o cultivo do pêssego foi restabelecido no século XVI após ter desaparecido durante a Idade das Trevas. No mesmo século, os espanhóis levaram o pêssego para a América. Hoje em dia, a Califórnia produz cerca de metade da safra americana, mas a China é o maior produtor mundial de pêssegos. Em Portugal é cultivado principalmente na Beira interior e no Vale do Tejo.
Existem duas categorias de pêssegos: o pêssego com polpa que adere ao caroço e as variedades em que a polpa se afasta
facilmente. Cada um inclui frutas com polpa amarela e branca. Existem muitas variedades de cultivo, mas em Portugal cerca de 95% são de polpa amarela. Em relação à cor da epiderme, são mais valorizados os frutos de coloração vermelha. As regiões da Beira Interior e Trás-os-Montes estão vocacionadas para a produção de pêssegos de variedades semitardias e tardias.
No Ribatejo e na zona da lezíria do Tejo e na península de Setúbal, predomina a produção de pêssegos e nectarinas de variedades precoces, enquanto no Oeste se produzem variedades mais tardias. O Algarve é a região onde a produção é mais precoce. A colheita tem início em maio no sotavento algarvio e termina em outubro na Cova da Beira. O pico de produção ocorre entre 15 de julho e 15 de agosto.
RECEITAS COM PÊSSEGOS:
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